Pelas mãos de Cao Hamburger, Malhação: Viva a Diferença estreou superando expectativas. Nada de trama água com açúcar, casais inexpressivos, dramas adolescentes caricatos e atores que parecem mais velhos do que seus personagens. O expert em obras infantojuvenis – ele esteve à frente de projetos como Castelo Rá-Tim-Bum e Família Imperial – começou dando um soco no estômago do público: uma adolescente grávida tem um filho no metrô de São Paulo ajudada por quatro jovens desconhecidas. Bem montada, a cena foi pura tensão e deixou o público vidrado. Um dos grandes acertos parece ser o quinteto protagonista. As atrizes Gabriela Medvedovski, Daphne Bozaski, Manoela Aliperti, Heslaine Vieira e Ana Hikari conseguem dar vida a um grupo plural que retrata bem a realidade fora das telas.
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Conectadas, instáveis e com opinião de sobra, as amigas precisam encarar as diferenças de classes e visão de mundo – termos como “coxinha” e “privilégio branco” já foram utilizados em cena. É aí que essa temporada parece acertar em cheio: mais do que a reprodução da adolescência repleta de conflitos, o folhetim problematiza questões sociais que precisam entrar na pauta dessa geração. Tudo isso aliado a ótimas atuações de atores mais experientes, como Lúcio Mauro Filho, um dos destaques da primeira semana no papel do pai da adolescente grávida Keyla (Gabriela Medvedovski). E o sotaque porto-alegrense da guria não é por acaso. Gabriela é natural de São Paulo, mas cresceu na Capital.
Malhação: Viva a Diferença tem potencial para se tornar a novela que reúne toda a família em frente à TV. Já que se trata da estreia de Cao Hamburger em novelas, vale a pena dar uma chance para o talento do autor.
DITADURA EM FOCO
Há poucos dias e sem aviso prévio, a Globo liberou em sua plataforma on demand, o Globo Play, a minissérie Anos Rebeldes, que fez sucesso há 25 anos. O curioso é que a emissora está exibindo na TV Os Dias Eram Assim, supersérie que também se passa no período da ditadura militar. A notícia dos bastidores é que os grupos de discussão sobre a trama indicaram um quadro de desinformação do público sobre os anos de chumbo. A Globo teria, inclusive, pedido às autoras para incluir cenas mais didáticas sobre a época. Talvez a liberação de Anos Rebeldes também ajude nesse processo de conhecimento da história recente do país.
MELHOR
Vivianne Pasmanter e Guilherme Piva estão dando um show à parte na novela Novo Mundo, da Globo, interpretando Germana e Licurgo. Além da caracterização belíssima – fica até difícil reconhecer a atriz em cena –, a dupla tem fina sintonia.
PIOR
O núcleo principal de Novo Mundo deixa a desejar. Falta química entre Gabriel Braga Nunes e Isabelle Drummond, e a situação não melhora quando Chay Suede entra na jogada. O cenário também é um déjà Liberdade, Liberdade.